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sábado, 17 de maio de 2008

Santíssima Trindade


Das cartas de Santo Atanásio, bispo
Séc, IV

Luz, esplendor e graça na Trindade e da Trindade.


Não devemos perder de vista a tradição, a doutrina e a fé da Igreja Católica, tal como o Senhor ensinou, tal como os apóstolos pregaram e os Santos Padres transmitiram. De fato, a tradição constitui o alicerce da igreja, e todo aquele que dela se afasta deixa de ser cristão e não merece mais usar este nome. Ora, a nossa fé é esta: cremos na Trindade Santa e perfeita, que é o Pai, o Filho e o Espírito Santo; neja não há mistura alguma de elemento estranho; não se compõe de Criador e criatura; mas toda ela é potência e força operativa; uma só é a sua natureza, uma só é a sua eficiência e ação. O Pai cria todas as coisas por meio do Verbo, no Espírito Santo; e deste modo, se afirma a unidade da Santíssima Trindade. Por isso, proclama-se na Igreja um só Deus, que reina sobre tudo, age em tudo e permanece em todas as coisas (cf. Ef 4,6). Reina sobre tudo como Pai, princípio e origem; age em tudo, isto é, por meio do Verbo; e permanece em todas as coisas no Espírito Santo. São Paulo, escrevendo aos coríntios acerca dos dons espirituais, tudo refere a Deus Pai como princípio de todas as coisas, dizendo: Há diversidade de dons, mas um mesmo é o Espírito. Há diversidade de ministérios, mas um mesmo é o Senhor. Há diferentes atividades, mas um mesmo Deus que realiza todas as coisas em todos (lCor 12,4-6 ) Os dons que o Espírito distribui a cada um vem do Pai por meio do Verbo. De fato, tudo o que é do Pai é do Filho; por conseguinte, as graças concedidas pelo Filho, no Espírito Santo, são dons do Pai. Igualmente, quando o Espírito está em nós, está em nós o Verbo, de quem recebemos o Espírito; e, como o Verbo, está também o Pai. Assim se cumpre o que diz a Escritura: Eu e o Pai viremos a Ele e nele faremos a nossa morada (1014,23). Pois onde está a luz, aí também está o esplendor da luz; e onde está o esplendor, aí também está a sua graça eficiente e esplendorosa. São Paulo nos ensina tudo isto na segunda Carta aos coríntios, com as seguintes palavras: A graça do Senhor Jesus Cristo, o amor de Deus e a comunhão do Espírito Santo estejam com todos vós (2Cor 13,13). Com efeito, toda a graça que nos é dada em nome da Santíssima Trindade, vem do Pai, pelo Filho, no Espírito Santo. Assim como toda a graça nos vem do Pai por meio do Filho, assim também não podemos receber nenhuma graça senão do Espírito Santo. Realmente, participantes do Espírito Santo, possuímos o amor do Pai, a graça do Filho e a comunhão do mesmo Espírito.

segunda-feira, 12 de maio de 2008

"Entrego-me à minha causa com paixão, sabendo que a paixão é o poder que cria nova vida, novas alegrias e novas realizações para mim e para os outros"

(JONES, Laurie)

Reflexão:

Paixão é condição para que o amor possa surgir. A paixão desperta em nós a energia de “eros” e nos possibilita maior prazer em nossa vida. O prazer em trabalhar, em produzir, em alimentar, em contemplar um pôr-do-sol, em dividir a vida com alguém... Entramos em contato com o “eros” quando entregamos (compartilhamos) a sexualidade do nosso ser pessoa e quando a sexualidade educa nossa vida. A educação dos instintos é fundamental para encontrarmos nosso equilíbrio na energia de eros.A paixão também é a energia que nos move a fazer as coisas com afinco, a ter metas, a cumprir os projetos. Sem paixão a vida fica sem graça, perde o encanto e o brilho...Uma excelente semana a todos. Vivam intensamente cada momento com paixão, ternura, amor, encantamento...Frei Paulo.

Feliz festa de Pentecostes!
Que o Divino Espírito Santo inunde o seu ser com a plenitude de seus dons.

sábado, 3 de maio de 2008

Ascenção do Senhor


Homilia do Sexto Domingo do tempo Pascal
(Jo: 14, 15-21)

D. Ângelo Alves de Oliveira, OSB
Mosteiro São Bento- Salvador/BA

Caros irmãos e irmãs, nós estamos no Sexto Domingo da Páscoa e neste domingo a Igreja proclama o evangelho de São João 14,15-21. São João, no seu evangelho, após a narrativa da ceia e do lava-pés e depois da saída de Judas Iscariotes, nos apresenta uma longa fala de despedida de Jesus. Jesus está na última ceia se despedindo de seus Apóstolos, e esse clima de Jesus que sabe que irá sofrer a cruz, a paixão, a morte serve para o clima de despedida que nós vivemos nesse período de tempo pascal, que nós nos preparamos para a ascensão do Senhor que vamos celebrar no próximo domingo. Pois bem, no Sexto Domingo de Páscoa Jesus está preparando os seus discípulos para a vida e a vida a partir do Espírito Santo no tempo da Igreja.
Jesus nos seus dias aqui na terra preparou os seus discípulos e nos prepara hoje, e nós temos que viver com ele unidos e unidos a ele através do Espírito Santo que é o tempo da Igreja, o tempo que nós agora vivemos. E o tempo da Igreja é marcado por uma perseguição constante, como se nós estivéssemos sendo continuamente julgados. É por causa deste julgamento, que Jesus então nos faz um defensor.
A Igreja e seus discípulos perseguidos precisam de um Paráclito. Vejam como isso faz todo sentido no contexto do evangelho de São João. Todo o evangelho de São João, de alguma forma é um processo contra Jesus. Desde o início Jesus está sendo perseguido, acusado e interrogado: de onde você vem? Que autoridade você tem pra fazer estas coisas? Pois bem, Jesus invoca testemunhas. E estas testemunhas são suas obras, João Batista e, sobretudo o próprio Pai.
Agora Jesus sobe para o Pai e não nos quer deixar órfãos, ou seja, não nos quer deixar desamparados.
Se nós formos olhar no Antigo Testamento, há toda uma tradição de cuidados de Deus para com os órfãos e para com as viúvas. Deus é o Pai dos pobres, é aquele que ampara os desamparados.
É exatamente pegando esta idéia e esta tradição do Antigo Testamento que Jesus aqui diz: “Não vos deixareis órfãos”. Ele enviará o Espírito Santo, o defensor que recebe o título pela própria Tradição da Igreja de “Pater Pauperum” pai dos pobres.
O Espírito Santo meus irmãos e irmãs é aquele que está como advogado, como defensor, como pai dos pobres, como aquele que está do nosso lado no momento de angustia e de perseguição.
E uma das características da fidelidade da Igreja a nosso Senhor, é a perseguição. Nós sabemos que a Igreja é fiel a Jesus Cristo, portanto, ela será perseguida até o fim dos tempos.
Se nós formos muito aplaudidos, se o mundo achar que a Igreja está bem, que beleza! Podemos desconfiar, porque foi assim que trataram os falsos profetas, nos recorda Jesus. Portanto, meus irmãos e irmãs, não nos assustemos se a medida de nossa fidelidade a Jesus é uma certa perseguição, é uma certa provação. Porque a Igreja é perseguida e continuará sendo perseguida e vivendo o processo contra Jesus até o fim dos tempos, até que Nosso Senhor Jesus Cristo volte definitivamente na sua Glória.
Mas enquanto isso, nós não estamos sozinhos. Nos discursos escatológicos dos evangelhos sinóticos, ou seja, nos discursos finais dos evangelhos de Mt, Mc e Lc, Jesus diz exatamente isto: “Não vos preocupeis com o que dizer quando fordes levados aos tribunais”. E quais são os tribunais que a Igreja é levada hoje? Os tribunais aos quais a Igreja é levada hoje são os mais diferentes e diversificados. Quantas vezes somos levados ao tribunal da mídia? Quantas vezes somos levados ao tribunal do nosso ambiente de trabalho? Ao tribunal dos nossos amigos?
Não vos preocupeis com o que dizer, o Espírito Santo, o Paráclito, o Defensor, ele está conosco, mesmo quando, por causa da nossa fidelidade somos perseguidos.
Mas é preciso meus irmãos e irmãs, clamar dia após dia por esse defensor nosso. É preciso dar espaço a sua ação em nossas vidas. Ninguém mais que Deus respeita a nossa liberdade. E a este respeito vale a pena recordar o testemunho de uma criança: Ao ser entrevistada, num programa americano de televisão, a apresentadora perguntou-lhe: «Como é que Deus permitiu que acontecesse algo tão horroroso no dia 11 de Setembro»? A criança deu uma resposta extremamente profunda e sábia: “Eu creio que Deus ficou tão profundamente triste com o que aconteceu, como nós ficamos. Mas, desde há muito tempo, que nós dizemos a Deus, para não interferir nas nossas escolhas e no governo das nossas vidas. Sendo como Deus é, que nos deixa toda a liberdade do mundo, eu creio que Ele calmamente nos deixou. À vista dos acontecimentos recentes: ataque dos terroristas, tiroteio nas escolas, o caos que vivemos em nossa sociedade etc., eu creio que tudo começou desde que os homens e mulheres se queixaram de que era impróprio fazer-se oração nas escolas, como tradicionalmente se fazia, e nós concordamos com isso. Depois disso, alguém disse que também seria melhor não ler mais a Bíblia nas escolas... a Bíblia, que nos ensina que não devemos matar, não devemos roubar, e que devemos amar o nosso próximo como a nós mesmos. E nós concordamos. E se uma menina hoje escrevesse um bilhetinho para Deus, dizendo: «Senhor, por que não salvaste aquela criança jogada pela janela?», a Sua resposta seria simplesmente esta: «Querida filha, sabes bem que não me deixam entrar nos lares!». Isso é só pra mostrar o quanto somos rápidos para julgar a Deus, a Igreja como um todo, mas que não queremos ser julgados pelos nossos atos.
Meus irmãos e minhas irmãs se damos espaço para Deus em nossos lares, em nossas vidas, é bem verdade que nós não estamos sozinhos, é bem verdade que nós temos alguém conosco. Que a orfandade não existe, porque o Espírito Santo é pai dos pobres.

quinta-feira, 1 de maio de 2008

OIC- Ordem da Imaculada Conceição

A Ordem da Imaculada Conceição, fundada por Santa Beatriz da Silva é um Instituto religioso no qual as monjas, seguindo mais de perto a Cristo sob a ação do Espírito Santo, vivem o Evangelho segundo a Regra e a forma de vida aprovada pelo Papa Júlio II ( 17 de setembro de 1511). As Concepcionistas se consagram totalmente a Deus, desposando-se com Jesus Cristo, nosso Redentor, em honra da Conceição Imaculada de sua Mãe, pela profissão dos conselhos evangélicos de obediência, sem próprio e em castidade, vividas em comunhão fraterna e em perpétua clausura. Pelo divino caminho da humildade e pobreza de nosso Senhor Jesus Cristo e de sua bendita Mãe, inspirado a Santa Beatriz pelo Espírito Santo, as Concepcionista unidas de modo especial à Igreja e seu mistério, vivem sua condição humana no serviço do Reino ao qual se entregam como hóstia viva em corpo e alma. Sem a Igreja, uma irmã não é Concepcionista, mas com a Igreja ela o é totalmente. Por isso, a Concepcionista se situa plenamente na Igreja e, assim, dá testemunho do mistério da Igreja através da Imaculada Conceição, que só é compreensível porque ela se tornou Igreja em Jesus Cristo. A Ordem da Imaculada Conceição é totalmente contemplativa. Seduzida pelo amor eterno de Deus, vive o mistério de Cristo a partir da fé, da oração constante, da disponibilidade e do ocultamento silencioso. As Concepcionistas, fiéis à sua vocação de vida religiosa contemplativa e fiéis ao carisma de Santa Beatriz, seguem com Maria os passos de Jesus Cristo, procurando ter sobre todas as coisas o espírito do Senhor e sua santa operação, com pureza de coração e oração devota. Em companhia de Maria, a Mãe de Jesus (At 1,14), as Concepcionistas permanecem num mesmo espírito de oração, conscientes de que isto é o único necessário (PC 5 e 7), realizando dessa maneira sua missão na Igreja, sendo uma fonte de graças celestiais. As Concepcionistas buscam o princípio e o fim de todas as coisas na oração, pois só na oração incessante (1Ts 5,7) podem conhecer a Deus como a seu único Esposo. As Concepcionistas devem ter grande reverência e honra pela Santíssima Eucaristia, porque este mistério de amor contém todo bem espiritual da Igreja (PO 5). A Ordem é também conhecida pelo nome de Concepcionistas Franciscanas. Com isso mostra-se que, como Santa Beatriz e suas companheiras e também suas sucessoras quiseram e professaram o espírito da doutrina e da veneração da Imaculada Conceição, próprio da Ordem Franciscana, é uma característica da Ordem. Outras Ordens não expressam essa doutrina e veneração desta forma. Portanto, ela faz parte da identidade das Irmãs Concepcionistas. A Ordem da Imaculada Conceição encontrou na espiritualidade franciscana um apoio para chegar a Cristo e à sua Mãe. Na espiritualidade franciscana exalta-se a grandeza de Deus que se fez pequeno (Cf Fl 2,6-11) de forma que a glória de Deus resplandece na pequenez do Filho de Deus, que despojando-se da condição divina assumiu a condição humana. A partir desse fato, cada pessoa é um ser especialmente importante e amada por Deus, de uma preciosidade única. Essa nova dignidade da pessoa aparece exatamente quando o ser humano participa da pobreza e da humildade de Jesus Cristo, que, no fundo, são formas de amor. Segundo o teólogo franciscano Beato João Duns Scotus, todos são chamados a co-amar com Deus. Deus já começou a amar antes de nós. Nós podemos co-amar com Ele. O primeiro ser humano a juntar-se a Ele foi Maria Imaculada. Exatamente seu caráter de Imaculada torna-a capaz de participar de ser co-amor puro com Deus, pois, afinal, ela tem um coração puro. Na verdade, os puros de coração verão a Deus! (Mt 5,8). A vida das Irmãs Concepcionistas, até sua história atual, é uma caminhada de co-amor puro com Deus, como se pode constatar em muitas Irmãs em vias de canonização e também nas inúmeras Irmãs que se tornaram santas “escondidas”. Os elementos que integram a vida e a espiritualidade da Ordem da Imaculada Conceição manifestam-se num processo de enriquecimento. Devem ser vividos em contínuo dinamismo, de acordo com os sinais dos tempos e como resposta às várias necessidades da Igreja, mantendo viva a lâmpada que o Espírito Santo acendeu em Santa Beatriz. Santa Beatriz fundou a Ordem da Imaculada Conceição para o serviço e celebração do mistério de Maria em sua Imaculada Conceição, sabendo que a honra da Imaculada Conceição nada mais é que um reflexo da glória de Deus na face de Jesus Cristo (Cf 2Cor 4,6). Evidentemente, a Imaculada Conceição não pode ser vista isoladamente mas a partir de Jesus Cristo. O sentido da Imaculada Conceição é a outra Concepção: a do Filho de Deus. Aquele que ela concebe já a havia redimido, como afirma João Duns Scotus. Ela carrega Aquele que a carregou. A veneração da Imaculada Conceição realiza-se na ação do Filho que vive para o louvor do Pai. A Imaculada é iluminada pela luz do Filho. Por isso, ela é uma figura exemplar da nossa fé. As Concepcionistas obrigam-se, então, a viver as atitudes de a Maria no seguimento de Cristo. Dessa forma tornam-se sensíveis à missão de Jesus.

Para refletir


“Se alguma coisa se te opõe e te fere, deixa crescer. É que estás a ganhar raízes e a mudar. Abençoado ferimento que te faz parir de ti próprio”. (Saint-Exupéry)


Na nossa jornada humana procuramos fugir de qualquer provação, sofrimento ou dor. Estamos na sociedade do estético como já dizia Kierkegäard: fazemos de tudo para maquiar a dor, o sofrimento, a morte... Com isso fingimos que eles não existem! Porém, infeliz da pessoa que nunca sofreu, pois nunca aprendeu o que é ser humano. Para proteger a bela rosa, a natureza concedeu espinhos à roseira. Talvez para nos dizer que a rosa existe para ser contemplada e não para ser arrancada...Abençoado ferimento que te faz parir de ti próprio... Que sabedoria nesta simples frase! Abençoada luta da existência que nos faz crescer, ir além daquilo que falam, querer observar o que está além do muro. A pessoa não está pronta e acabada. O mundo também não... Somos continuadores da obra da criação. Deus conta com nossa participação. Ele é Pai e não paternalista...
Frei Paulo Sérgio, OFM.